Quero começar aqui expressando a
minha defesa da igreja, em seu período construtivo, atenuando minha denominação
Protestante, em não fazer rixas por eu ser um Evangélico, se algum Católico se incomodar,
saiba, estou defendendo os princípios de Cristo, e a importância da religião
para a ciência. Caso não se sentirem satisfeitos, lembrem-se: não existe fé
católica ou fé protestante, a única fé devida, é no Senhor e Salvador Jesus
Cristo. Vamos ao ponto...
A primeira
Universidade do mundo Ocidental foi a de Bolonha (1158), na Itália, que teve a
sua origem na fusão da escola episcopal com a escola monacal camaldulense de
São Félix. Em 1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos,
francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.).
A segunda, e que teve maior fama foi a Universidade de Paris, a Sorbone, que
surgiu da escola episcopal da Catedral de Notre Dame. Foi fundada pelo
confessor de S. Luiz IX, rei de França, Sorbon. Ali foram estudar muitos
grandes santos como Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Tomás de
Aquino. A universidade de Paris (Sorbonne) era chamada de “Nova Atenas” ou o
“Concílio perpétuo das Gálias”, por ser especialmente voltada à teologia.
O documento
mais antigo que contém a palavra “Universitas” utilizada para um centro de
estudo é uma carta do Papa Inocêncio III ao “Estúdio Geral de Paris”. A
universidade de Oxford, na Inglaterra surgiu de uma escola monacal organizada
como universidade por estudantes da Sorbone de Paris. Foi apoiada pelo Papa
Inocêncio IV (1243-1254) em 1254.
Em 1499, o
Cardeal Cisneros fundou a famosa universidade “Complutense” mediante a Bula
Pontifícia concedida pelo Papa Alexandre VI. Nos anos de 1509-1510 já
funcionavam cinco Faculdades: Artes e Filosofia, Teologia, Direito Canônico,
Letras e Medicina.
Até 1440 foram
erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se
ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e
Teologia. Todos fundados pela Igreja. O Papa Clemente V (1305-1314) no Concilio
universal de Viena em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores
cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio, etc.), o que em
breve foi feito também em Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.
A atual
Universidade de Roma, La Sapienza – onde tristemente estudantes e professores
impediram o Papa Bento XVI de proferir a aula inaugural em 2008 – foi
fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio VIII (1294-1303), com o
nome de “Studium Urbis”.
Das 75
Universidades criadas de 1500, 47 receberam a Bula papal de fundação, enquanto
muitas outras, que surgiram espontaneamente ou por decisão do poder secular,
receberam em seguida a confirmação pontifícia, com a concessão da Faculdade de
Teologia ou de Direito Canônico. (Sodano, 2004).
Só na França
havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200),
Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e
Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na
Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey,
Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg
(1386). Todas fundadas pela Igreja. Como dizer que a Idade Média cristã foi uma
longa “noite escura” no tempo? As universidades medievais foram centros de
intensa vida intelectual, onde os grandes homens se enfrentavam em discussões
apaixonadas nos grandes problemas. E a fé era o fermento que fazia a cultura
crescer. As universidades atraíam multidões de estudantes, da Alemanha, Itália,
Síria, Armênia e Egito. Vinham para a de Paris chegavam a 4000, cerca de 10% da
população.
Para
fundamentar brevemente, quero enfatizar sobre o método científico e seu tripé,
o qual deve estar sendo um fato, sempre respeitando o método empírico na
filosofia da ciência. Pois como Descartes nos trouxe o método cartesiano, o que
foi importante para a ciência hoje, a dúvida metódica de nos fazer pensar que o
real científico é um fato, o que é de menos tem de haver seu oposto à ser mais,
não há positivo sem existir negativo, somos imperfeitos, logo é necessário
nesse método existir um Ser Perfeito.
A Ciência é
um conjunto de conhecimentos empíricos, teóricos e práticos sobre
a natureza,
produzido por uma comunidade global de pesquisadores fazendo uso do método científico, que dá ênfase à
observação, explicação e predição
de fenômenos reais do mundo através de experimentos. Dada a natureza dual da
ciência como um conhecimento objetivo e
como uma construção humana, a historiografia da
ciência usa métodos históricos tanto da história intelectual como da história social. Traçar as
exatas origens da ciência moderna se tornou possível através de muitos
importantes textos que sobreviveram desde o mundo clássico. Entretanto, a
palavra cientista é relativamente recente - inventada por William
Whewell no século XIX.
Anteriormente,
as pessoas investigando a natureza chamando a si mesmas de filósofos naturais. Enquanto
as investigações empíricas do
mundo natural foram descritas desde a antiguidade clássica (por exemplo,
por Tales de Mileto e Aristóteles);
o método científico ter sido usado desde a Idade Média, Robert Grosseteste e Jean Buridan o
surgimento da ciência
moderna é geralmente traçado até a Idade Moderna,
durante o que é conhecido como Revolução Científica que aconteceu
nos séculos XVI e XVII na Europa.
Métodos
científicos são considerados como sendo fundamentais para a ciência moderna que
alguns - especialmente os filósofos da ciência e cientistas -
consideram investigações antigas da natureza como sendo pré-científica.
Tradicionalmente, historiadores da ciência têm definido ciência sendo
suficientemente abrangente para incluir essas investigações.
Galileu
Galilei (1564 — 1642) é o fundador da ciência moderna e o
teórico do método científico e da autonomia da pesquisa cientifica. O método
científico de Galileu está contido especialmente em duas obras: “O ensaiador”,
que dedicou a seu admirador e amigo o papa Urbano
VIII, publicado em 1623. E, nos “Discursos e demonstrações
matemáticas sobre duas novas ciências”, de 1638. Francis Bacon (1561
— 1626) Mostrou a importância da experimentação para a aquisição dos
conhecimentos científicos;
Assim
descreveu João Paulo II, na Fides et Ratio (1998, n. 91), o cenário
pós-moderno: As correntes de pensamento que fazem referência à pós-modernidade
merecem adequada atenção. Segundo algumas delas, de fato, o tempo das certezas
teria irremediavelmente passado, o homem deveria finalmente aprender a viver
num horizonte de ausência total de sentido, sob o signo do provisório e do
efêmero. Muitos autores, na sua crítica demolidora de toda a certeza e
ignorando as devidas distinções, contestam inclusivamente as certezas da fé.
Mesmo em meio a este contexto, a postura da Igreja Católica diante das ciências
é de apreço e entendimento.
Vejamos o que
nos diz o Concílio Vaticano II (GS 44): A experiência dos séculos passados, o
progresso das ciências, os tesouros escondidos nas várias formas da cultura
humana, pelos quais a natureza do próprio homem se manifesta mais plenamente e
se abrem novos caminhos para a verdade, são úteis também à Igreja. O mesmo
Concílio defende a justa autonomia das realidades terrestres, afastando
qualquer temor neste campo. Dedica, para isso, uma atenção especial com as
seguintes palavras: Se por autonomia das
realidades terrestres entendemos que as coisas criadas e as mesmas sociedades
gozam de leis e valores próprios, a serem conhecidos, usados e ordenados
gradativamente pelo homem, é necessário absolutamente exigi-la. Isto não é só
reivindicado pelos homens de nosso tempo, mas está também de acordo com a
vontade do Criador. Pela própria condição da criação, todas as coisas são
dotadas de fundamento próprio, verdade, bondade, leis e ordem específicas. O
homem deve respeitar tudo isto, reconhecendo os métodos próprios de cada
ciência e arte. Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências,
proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, na
realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé
originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: Aquele que tenta perscrutar com
humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome
consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as
coisas, fazendo que elas sejam o que são [...] (CONCÍLIO VATICANO II, GS 36).
A finalidade
principal da ciência é a busca da verdade [...], uma busca que deve ser livre
diante dos poderes políticos e econômicos; a verdade científica, portanto, é
como qualquer outra verdade, devedora somente a si mesma e à suprema Verdade
que é Deus criador do homem e de todas as coisas (JOÃO PAULO II apud BENTO XVI,
2010, p. 23-24).
O Papa Bento
XVI propõe, por sua vez, uma renovada relação entre fé e ciência, uma relação
de autonomia e distinção. Lembra, no entanto, que “distinção não significa
separação ou estranhamento, significa que a distinção entre os campos do saber
não é entendida como oposição” (BENTO XVI, 2010, p. 50-51).
Existem pontos
de encontro entre ambas. Tanto uma como a outra colaboram para o conhecimento,
quer por meio das capacidades racionais quer por meio do crer a uma fonte que
na fé cristã é o Deus Revelador e Comunicador. Existe uma contribuição que uma
confere à outra e vice-versa. Para isso, Bento XVI (2010, p. 54) cita o Papa
João Paulo II: “A ciência pode purificar a religião do erro e da superstição, a
religião pode purificar a ciência da idolatria e dos falsos absolutos”. Deve
haver sempre um cuidado para não cair em reducionismos. “Todo reducionismo
epistemológico acaba num reducionismo antropológico”, lembra Bento XVI (2010,
p. 55). É indispensável travar um diálogo entre ciência e fé, entre ciência e
religião, além das trincheiras (Cf. AGOSTINI, 2010, p. 146-147). “Quando seus
dados são bem compreendidos, longe de se opor, elas se completam harmoniosamente”
(POUPARD, 1982, p. 11).
Cabe assumir
sempre o princípio de humanidade (Cf. GUILLEBAUD, 2008), numa defesa da vida
que, para os cristãos, está no centro da mensagem do próprio Evangelho. O
diálogo com as ciências humanas pode ser altamente benéfico, já que não se
deteria numa ideia apenas. Permanece, por isso, a possibilidade de
aprisionamento na unilateralidade da razão, na medida em que esta busca a
“construção de uma visão coerente, totalizante do universo, a partir de dados
parciais, de uma visão parcial, ou de um princípio único”, segundo o que afirma
Edgar Morin (1984, p. 205).
Outro
aprisionamento é o de achar que, ao partir desta ou daquela ciência, “aquilo que
seus instrumentos não conseguem apreender não existe” (MORIN, 1984, p. 54).
“Necessário se faz que as ciências humanas rompam com o paradigma disjuntivo
para dar conta de outras dimensões da realidade humana, igualmente
significativas, como o não organizado, o cotidiano e as manifestações do
imaginário, resgatando, assim, como sugere Goldmann, o seu aspecto filosófico”
(LOURENÇO, 2000, p. 32) para poderem ser portadoras de verdade. Segundo
Aristóteles, “todos os homens desejam saber” (apud JOÃO PAULO II, 1998, n. 25),
sendo a verdade o objeto próprio desse desejo.
Nessa busca de
saber mais, em direção à verdade, as ciências humanas podem trazer uma
inestimável contribuição. A Psicologia nos faz adentrar na interioridade da
pessoa e compreender melhor as suas potencialidades e os condicionamentos que
nela subsistem. A Sociologia nos faz compreender o ser humano no seu contexto
social e cultural e como realiza as suas opções. A Medicina desperta a nossa
atenção para a vasta problemática da vida quer humana quer de todos os seres
vivos, urgindo o desenvolvimento da Bioética. A Pedagogia aponta para o poder
da educação e o desenvolvimento do humano. Ao ser anunciada hoje, a mensagem do
Evangelho não pode descartar as categorias atuais advindas das ciências humanas
e sociais (Cf. CONCÍLIO VATICANO II, GS 62).
Estas podem
prestar um serviço à vocação teológico/espiritual e evangelizadora da Igreja. O
clima é de diálogo, assim explicitado pelo Concílio Vaticano II (GS 62): Sejam
suficientemente conhecidos e usados não somente os princípios teológicos, mas
também as descobertas das ciências profanas, sobretudo da psicologia e da
sociologia de tal modo que também os fiéis sejam encaminhados a uma vida de fé
mais pura e amadurecida.
As ciências
merecem uma atenção constante e mesmo necessária, pois o ser humano é o centro
de interesse comum. A espiritualidade, junto com o todo da Teologia com suas
áreas afins, é chamada a um encontro dialogal com as ciências humanas (e as
demais também). Abre-se a possibilidade e mesmo a necessidade de um
enriquecimento mútuo, sem abdicar da interpelação mútua.
Afugente-se
qualquer pretensão de autossuficiência de qualquer das partes. Importa, para
isso, abraçar sempre uma visão integral do ser humano, tendo como pano de fundo
um paradigma integrador e humanizador (ANDRÉS, 1999, p. 16-18), aberto a todas
as dimensões, incluindo a transcendência, num abraço de toda a criação.
Minha
conclusão é na verdade uma pergunta: a igreja Católica realmente foi tão ruim
assim como muito ateus e até protestantes afirmam? Sei e afirmo também que a
sua época da “sombra” foi terrível, não nego e nem fujo deste contexto, porém,
nada que a prática do comunismo hoje e na antiguidade, não enterre todas as
mortes feitas pelo clero. Contudo, que instituição ajudou e financiou mais a
ciência que a igreja? De tamanha proporção, nenhuma.
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