quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Os bilhões de anos - Eduardo C. Feltraco



O ajuste preciso nesse sentido neutro e algo incontroverso e bem estabelecido. Os físicos tem diversos exemplos de ajuste preciso. Antes de compartilhar alguns, permita-me lhe dar alguns números para que possa sentir a sofisticação desse ajuste preciso. O número de segundos em toda a história do universo e cerca de 10 na 17 (ou seja, o número 1 seguido por dezessete zeros: 100.000.000.000.000.000). Afirma-se que o número de partículas subatômicas em todo universo é cerca de 10 na 8 (o número 1 seguido por oitenta zeros). Tais números são tão grandes que são simplesmente incompreensíveis. Agora, com esses números em mente, considere os seguintes exemplos de ajuste preciso. A chamada força fraca, uma das quatro forças fundamentais da natureza, que opera dentro do núcleo de um átomo, é algo tão precisamente ajustado que uma alteração em seu valor que fosse de uma parte em 10 na 100 teria impedido a existência de vida no universo! De modo semelhante, uma alteração na chamada constante cosmológica, que dirige a aceleração da expansão do universo, que fosse de uma parte em 10 na 120 teria resultado em um universo onde a vida não seria possível. O ajuste preciso aqui está além da compreensão.

Ter uma precisão de sequer uma parte em 10 na 60 é como mirar com um revolver em direção ao outro lado do universo observável, distante à 20 bilhões de anos-luz, e acertar um alvo de 1 polegada! Os exemplos de ajuste preciso são tantos e tão variados que é improvável que eles desapareçam com o avanço da ciência. Quer gostemos ou não, o ajuste preciso é somente um fato da vida que é cientificamente bem consolidado. Quando consideramos a hipótese de existirem universos controlados pelas nossas leis da natureza, quase todos eles não permitem a existência de vida. Logo, são praticamente nulas as chances de que um universo escolhido aleatoriamente fora desse grupo permitisse a existência de vida.

O conhecido escritor irlandês C.S. Lewis, no livro God in the Dock (Deus no Banco dos Réus), diz o seguinte: “Se o sistema solar veio a existir devido a uma colisão acidental, então, o aparecimento da vida orgânica neste planeta também foi acidental, e toda a evolução do homem foi acidental também. Se este é o caso, todos os nossos pensamentos presentes são meros acidentes - acidentes criados pelo movimento dos átomos. E isto é valido tanto para os pensamentos dos materialistas e astrônomos como para qualquer outra pessoa. Mas, se os seus pensamentos - isto é, do materialista e do astrônomo - são meramente produtos acidentais, por que deveríamos crer que eles são verdadeiros? Eu não vejo razão para crer que um acidente possa dar a explicação correta do porquê de todos os demais acidentes”. O exemplo da bomba, quando ela explode, produz muito calor. Com o passar do tempo, esse calor produzido inicialmente se dissipa, ficando apenas um pequeno calor residual. Esta temperatura residual encontrada no universo tem sido utilizada para calcular a sua idade. Em 1965, Amo Penzias e Robert Wilson detectaram um sinal vindo de todas as direções do espaço. Este sinal, observado no comprimento de onda de 7,35 cm, possuía um espectro de radiação idêntico ao de um corpo negro. A temperatura correspondente a esta radiação era de 2,726 Kelvins (aproximadamente 270° Celsius abaixo de zero). Baseada nesta descoberta, a temperatura do espaço tem sido medida pelos dois satélites já mencionados, COBE e WMAP. Este último produziu uma imagem com precisão 35 vezes maior que a produzida pelo COBE e com temperaturas avaliadas entre 2,7249 Kelvins a 2,7251 Kelvins.

Atualmente, esta radiação de fundo não é mais considerada como luz vinda diretamente do big bang, mas sim luz proveniente do universo quando este já havia esfriado a uma temperatura de 3.000°C, cerca de 300.000 anos após o big bang. Numa temperatura como esta, átomos são formados a partir de um estágio inicial de partículas subatômicas carregadas numa forma de plasma. Esta temperatura se faz crucial para a teoria pelo fato de a luz ser radiação eletromagnética e o plasma ser um meio opaco. Haveria necessidade de este plasma se condensar em matéria para que o universo se tornasse “transparente”. Segundo esse modelo cosmológico, a temperatura durante o período inflacionário (que durou aproximadamente 0,000000000 00000000000000000000001 segundo) foi de 10 na 19 Kelvins (ou 1 com mais 19 zeros). 100 segundos após o período inflacionário, a temperatura do universo teria caído para 109 Kelvins. Isto e um esfriamento de 100.000 trilhões de graus por segundo! Durante estes 100 segundo inicial, de acordo com a teoria, teria ocorrido a formação dos elementos químicos deutério (2H) e hélio (4He2). No final do período da fixação da radiação de fundo, o universo estaria com uma temperatura de 107 Kelvins.

Sabemos que a temperatura atual é de aproximadamente 3 Kelvins, medida pela radiação de fundo. Portanto, o universo teria experimentado um processo de resfriamento extremamente acentuado nos seus primeiros 10 mil anos de existência, segundo esta teoria (temperatura inicial superior a 10 na 19 Kelvins caindo para 104 Kelvins em 10.000 anos). Isto significa uma dispersão de calor da ordem de 10 na 15 Kelvins em média, por ano, durante os primeiros 10.000 anos de vida do universo!

Comecemos com o número de átomos existentes no universo, pois a vida é feita de matéria conhecida (átomos). O número aceito de átomos no universo é da ordem de 10 na 80 (o número um seguido 80 zeros). Precisamos agora definir outros dois fatores: o tempo desde o início até hoje e o número de interações atômicas por segundo por átomo. O tempo de 13,7 bilhões de anos seria equivalente a 4,32 x 10 na 17 segundos. Vamos arredondar para 10 na 18 (o que seria equivalente a cerca de 30 bilhões de anos — mais que o dobro da idade atualmente aceita). Para o número de interações atômicas por segundo por átomo, vamos assumir 10 na 12, o que é um valor extremamente generoso e que inclui também a parte cinética das reações químicas. Vamos assumir também que cada interação atômica sempre produz uma molécula. Portanto, 10 na 8 x 10 na 18 x 10 na 12 nos daria o número de 10 na 110 moléculas únicas que teriam se formando desde o início do universo até hoje (usando a idade de 30 bilhões de anos), afinal, seriam 13 ou 30 bilhões de anos? Confusa esta questão!

Vários trabalhos de origem teórica, mas baseados em fatos experimentais tridimensional, indicam que cerca de 50% do agrupamento de aminoácidos deve estar uma proteína especificado de forma correta, tendo uma ordem correta. Se considerarmos uma proteína de 200 aminoácidos, o número de tentativas randômicas seria de 20 na 100 ou 10 na 13u (1,268 x 10 na 130). Estamos considerando que dos 200 aminoácidos, apenas a metade, 50%, deve estar na ordem correta. Compare este valor, 10 na 130, com o número máximo de interações desde o início do universo até hoje, 10 na 110 (considerando um universo com 30 bilhões de anos e não com 13,7 bilhões). Expressado por este cálculo:



Mesmo fazendo com que as suposições sejam as mais favoráveis ao naturalismo, a estatística mostra a impossibilidade. Em outras palavras, como seria possível, dentro de uma lógica cientifica, aceitar um evento onde uma geração espontânea tenha ocorrido? As possibilidades são contra!  Sendo que a probabilidade de uma geração espontânea, do ponto de vista estatístico, não existe, a proposta criacionista torna-se ainda mais evidente. Se algo não pode ocorrer naturalmente é porque foi criado. O argumento é simples e direto.

Eduardo C. Feltraco
19/11/2015
Direitos reservados pela CRKP® - Genética Humana/UNIJUI


Referências:

Hubert P. Yokey, A Calculation of the Probability of Spontaneous Biogenesis by Information Theory, Journal ofTheorical Biology, 67,1978, p. 377-398.

Estes cálculos apareceram na publicação de Fred Hoyle e N.C. Wickramasinghe, Evolution from Space, J.M. Dent, London, 1981.

Estes cálculos se encontram no livro do Prof. Dr. Werner Gin, In the Beginning Was Information, Christliche Literatur-Verbreitung e.V., 1997, p. 170-205.

James Perloff, Tornado in a Junk Yard: The Relentless Myth of Darwininsm, Refuge Books, 1999, p. 63-64.

Klaus Dose, The Origin of Life: More Questions Than Answers, Interdisciplinary Science Review, Vol. 13, N°4,1988, p. 348.

Carl Sagan, F. H. C. Crick, L. M. Muchin, Communication and Extraterrestrial Intelligence (CETI) de Carl Sagan, ed. Cambridge, MA, MIT Press, p. 45-46.


M. Fugika, C.J. Hogan e P. J.E. Peebles, The Cosmic Baryon Budget, Astrophysical Journal, 503, 1998, p. 518-530. Ver também C.W. Allen, Astrophysical Quantities, 3a edicao, University of London, Athlone Press, 1973, p. 293.

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