Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos discípulos e ascendeu ao céu (At 1:1-11). Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o Espírito Santo, o qual Jesus disse que viria. Cerca de cento e vinte pessoas seguidoras de Jesus o aguardavam.
Cinquenta dias
após a Páscoa, no dia de Pentecoste, um som como um vento impetuoso encheu a
casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada um deles e começaram
a falar em línguas diferentes da sua conforme o Espírito Santo os capacitava.
Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam fazer para
receber o Espírito Santo. Pedro disse: "Arrependei-vos, e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo " (At 2:38). Cerca de três mil pessoas
aceitaram a Cristo como seu Salvador naquele dia (Atos 2:41).
Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da
igreja. Muitos judeus acreditavam que os seguidores de Jesus eram apenas outra
seita do judaísmo. Suspeitavam que os cristãos estivessem tentando começar uma
nova "religião de mistério" em torno de Jesus de Nazaré. De
modo que os cristãos primitivos proclamavam com ousadia haverem herdados os privilégios
que Israel conhecera outrora. Não era simplesmente uma parte de Israel - era o novo
Israel (Ap 3:12; 21:2; Mt 26:28; Hb 8:8; 9:15). Os líderes judeus tinham um
medo de arrepiar, porque este novo e estranho ensino não era um judaísmo
estreito, mas fundia privilégio de Israel na alta revelação de um só Pai de
todos os homens.
A igreja é
composta por aqueles que se submeteram ao senhorio de Jesus. Na língua original
do NT, o termo igreja (ekklesia) significa “chamados para fora”, aludindo à
saída do povo que nas cidades gregas eram convocados para sair de suas casas
para se reunir em assembleias populares. Em nossa língua “Igreja” (do latim,
eclesia) significa um ajuntamento ou reunião de pessoas. No Novo Testamento a
palavra é citada 115 vezes, sendo que a primeira vez foi Jesus quem a
mencionou, no texto de Mt 16: 18.
“Chamados para
fora” é um significado que liga a Igreja a um clima missionário. Em João 15:
16. Jesus começa explicando que não fomos nós quem escolhemos a Ele, aludindo à
incapacidade humana para enxergar os planos de salvação divina. Em seguida Ele
declara que nos escolheu, confirmando o que fora feito aos discípulos. Por
último Ele, então, explica que nos designou para que fôssemos e déssemos frutos
e estes frutos permanecessem.
Quando Ele diz
que nos escolheu, Ele está nos “chamando”, quando diz que fez isto para que
fôssemos, Ele está nos tirando para fora de nossas casas ou de nossos
aconchegos pessoais, quando Ele diz que esta saída era para dar fruto, está
confirmando que a Igreja é chamada para a maior tarefa de todos os tempos:
levar avante o evangelho a toda a terra, antes que venha o fim, Mt 24: 14.
Depende o que
vamos entender por Igreja porque, se eu estou fazendo algo para Jesus, sem
convicção do meu empenho, então estou enganando a mim mesmo e me deixando lesar
tolamente. Preciso saber onde estou com os pés e que concepção tenho de Cristo,
antes de querer que os outros saibam sobre ele. Duas frases que particularmente
gosto muito sobre este tema, está logo abaixo.
“PLANTE UM
PENSAMENTO E VOCÊ COLHERÁ UM ATO; PLANTE UM ATO E VOCÊ COLHERÁ UM HÁBITO, PLANTE
UM HÁBITO E VOCÊ COLHERÁ UM CARÁTER; PLANTE UM CARÁTER E VOCÊ COLHERÁ UM
DESTINO.”
“O melhor
remédio para a igreja enferma é pô-la em dieta missionária” (David Brainerd).
Enfatizando
aqui uma parte do livro de Atos, aonde vemos o envolvimento total dos cristãos
nos capítulo 5 e 6. A igreja de Jerusalém era uma família, de modo que as
necessidades de cada irmão eram supridas e havia cooperação de todos os membros
para ajudar os apóstolos, At 6: 1-3. Instituíram o diaconato, escolhendo para
tal função homens que deveriam possuir três requisitos básicos: bom testemunho
(aspecto social), serem cheios do Espírito Santo (aspecto espiritual) e de
sabedoria (aspecto intelectual). Para os apóstolos ficaram reservadas a prática
da oração e da pregação da Palavra, At 6: 4. Toda a igreja era, então,
completamente envolvida com a obra de Deus.
O que podemos
extrair da perseverante comunhão daquela igreja é a praticidade. Vemos no texto
que a comunhão estava tomando contornos reais, tanto em momentos agradáveis,
nas refeições que faziam em conjunto (At 2:46), como também nas horas difíceis
em que uns precisavam dos recursos dos outros (verso 45), significando que a
comunhão foi levada às últimas consequências, pois, para aqueles cristãos, a
necessidade e o sofrimento de um membro eram inadmissíveis. Que lição para os
nossos dias, onde o amor cristão, muitas vezes, não passa de expressão
litúrgica, demonstrada apenas na hora e ambiente de culto.
Os Atos dos
Apóstolos também nos apresentam a ação missionária da Igreja como continuação
fiel da ação de Jesus. Não apenas os discípulos fazem as mesmas coisas que
Jesus faz, mas o mesmo Espírito de Deus que conduzia Jesus guia agora a Igreja.
O Espírito remete continuamente à Palavra, ou seja, à vida e às palavras de Jesus
testemunhadas pelos discípulos. O Espírito Santo é quem nos faz compreender e
interpretar retamente a mensagem do Evangelho.
Quanto ao
espírito que deve nos mover nessa ação é aquele mesmo dom que só o Espírito
Santo nos pode dar: o amor. "A tal respeito, as palavras do Senhor são tão
precisas que não é possível reduzir o seu alcance" - diz o Papa João Paulo
II. "A Igreja terá necessidade de muitas coisas para a sua caminhada
histórica, também no novo século; mas, se faltar o amor (ágape), tudo será inútil.
O apóstolo Paulo recorda-o no hino à caridade: Ainda que falássemos as línguas
dos homens e dos anjos e tivéssemos uma fé capaz "de transportar
montanhas", mas faltasse o amor, de "nada" nos serviria (1 Cor
13:2).
Naqueles
primeiros anos da Igreja, a comunhão dos cristãos foi ameaçada pelas tensões
internas, e pela tentação de aderir a métodos e maneiras não cristãos. Mesmo
assim esses membros da Igreja neotestamentária deram testemunho da realidade
experimentada da magnífica "vida-de-koinonia" em presença do poder do
Espírito Santo. Quando as dissensões entre os irmãos pareciam ameaçar essa vida
coletiva, o apóstolo Paulo podia confiantemente implorar que "preservassem
a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef 4:3).
Os membros da
Igreja primitiva "perseveravam... na comunhão" (Atos 2:42). A palavra
aqui usada em o Novo Testamento é koinonia que é no grego é uma palavra rica de
sentido e vigorosa. Do ensino geral do Novo Testamento, aprendemos que esta
palavra, que tão bem descreve aquela qualidade de vida da Igreja, tem muitos
significados. Refere-se ao direito comum de propriedade, bem como a
coparticipação de bens, como foi o caso da coleta para os cristãos pobres de
Jerusalém.
Prisões e
sofrimento fizeram parte da vida dos apóstolos. Dados históricos e
informações preservadas pela tradição antiga referentes ao que ocorrera com os
apóstolos e outros importantes líderes do cristianismo, nos ajudam a entender
que o compromisso com o caminho da cruz foi levado até as últimas
consequências. Muitos foram submetidos ao martírio por causa do evangelho de
Cristo. A igreja estava constantemente em oração. As orações tinham
um papel fundamental na vida da Igreja Primitiva. Isso pode ser claramente
percebido pelo relado deixado por Lucas, que diversas vezes considera as
orações dos primeiros cristãos. Em Atos podemos ver que a oração foi à atitude
dos cristãos diante das decisões a serem tomadas, a atitude da liderança da
igreja em situação de crescimento e a prática da igreja quando estava em situação
de perigo e perseguição.
Em muitas
Igrejas da atualidade vemos que pessoas têm procurado as igrejas evangélicas
para obter benefícios materiais apenas e esquecem-se do que é de fato a igreja.
O amor ao dinheiro tem corrompido a igreja. Hoje o que é mais visado é a
quantia com que as pessoas podem receber de Deus indo a Igreja do que ofertar e
até mesmo servir ao Senhor de coração.
A igreja
primitiva era uma igreja fiel. Esperava em Deus e fazia o que Deus queria.
Deixava que o Senhor lhes desse as almas e ao mesmo tempo obedecia a vontade do
Senhor pregando, ensinando, orando, louvando, temendo, compartilhando e
participando do ministério da reconciliação, à qual a igreja é
despenseira. Dom Robinson Cavalcante, Bispo anglicano no Recife
(PE), afirma que a igreja tem como missão ser proclamadora, que ensina e relacional.
Acrescento aqui a expressão serva e didática (Atos 2:42; 1 Coríntios 4:1-2)
era tudo o que se via na igreja do primeiro século. Era o êxito da igreja
primitiva. Podemos resgatar esta igreja, afinal o Senhor dela é o mesmo.
Temos o Espírito Santo e a Palavra de Deus não está morta. Portanto,
podemos ser uma igreja bíblica, profética, relacional, despenseira, acolhedora,
terapêutica, plena, intercessora, carismática, temente, testemunha, adoradora,
saudável, espiritual, solidária, amiga, perceptível, ética, cristocêntrica,
impactante, relevante e crescente.
Os
Reformadores Martinho Lutero e João Calvino e pregadores históricos, como
Willian Perkins e George Whitefield, enfatizaram a responsabilidade da
igreja como ouvinte privilegiada da Palavra de Deus. Entendiam que os
frutos na vida dos crentes surgiriam se a Palavra fosse ouvida com anseio, fé,
mansidão, disposição, paciência, submissão, sinceridade, motivação e com
aplicação pessoal. Uma igreja que ouve a Palavra de Deus é uma igreja que cresce
saudavelmente.
O que deve se
destacar numa Igreja hoje é a separação do mundo. Quando não se pode ver uma
distinção clara entre a igreja e o mundo, então, a igreja não pode considerar-se
como a verdadeira Igreja cristã. Os ensinos do evangelho de Cristo se opõem
diretamente à natureza humana. “A amizade do mundo é inimizade contra Deus”;
(Tiago 4:4). A igreja de Cristo, sendo tão santa e pura, mostrará a sua
separação do mundo em seu modo de viver, de falar, de vestir-se e ainda em seu
pensar. (Romanos 12:1-2).
Algumas práticas da Igreja
primitiva podem sim envolver em nossos dias:
Audição da
Palavra de Deus. A perseverança na doutrina dos apóstolos acontecia tanto por
meio da leitura dos registros do Antigo Testamento e do Novo Testamento (cujos
fragmentos começaram a circular já naquela época), como também das tradições
orais que eram aqueles ensinos que os apóstolos receberam de Jesus e que
memorizaram para transmitir aos fiéis. Atentemos para quantos resultados
alcançados naquela comunidade cristã primitiva! Conversões em massa,
despertamento de fé e temor, batismos... E tudo por causa da Palavra de Deus
que era devidamente ouvida e obedecida. Não é por menos que Paulo declara que
“a fé vem pelo ouvir da Palavra de Deus” (Rm 10:17). Se quisermos
aprender com a igreja primitiva o êxito de sua fé e perseverança, precisamos
atentar para a importância que àquela comunidade dava à pregação apostólica,
ouvindo-a.
A Prática da
Palavra de Deus. Além do conhecimento das Escrituras e do interesse em ouvir a
pregação da Palavra de Deus, também observa o que a comunidade primitiva estava
fazendo com tudo aquilo que lera e ouvira. Afinal, os resultados eram nítidos:
conversões aconteceram, batismos foram ministrados, a comunhão era vivida, os bens
excedentes eram partilhados, as necessidades, supridas, orações eram dirigidas
a Deus, reuniões no Templo e nas casas eram frequentes, o louvor brotava dos
corações, o testemunho era impressionante e envolvente, Deus era adorado, Jesus
Cristo, exaltado, o Espírito Santo, conhecido, a evangelização acontecia, a Igreja
crescia.
O fundamento
da especial comunhão que os crentes primitivos tinham uns com os outros era a
íntima relação que desfrutavam com Jesus Cristo. Cristo era o elo que os unia e
tal relação se tornou possível com o derramamento do Espírito Santo, pois Ele
veio fazer morada permanente nos corações remidos. A fé sem obas é morta afirma
Tiago, nosso coração e nosso ser deve ser vazio de nós mesmos, para assim podemos
permitir que Deus inunde nossa vida da Graça e direção divina.
Em outras
palavras, o testemunho do amor de Deus, em humilhação e morte de seu Filho
Jesus Cristo, foi tão poderoso que rachou de alto a abaixo aquela barreira
formidável que impedia a comunhão humana. Desse momento em diante o Povo
escolhido de Deus já não estava mais circunscrito à nação judaica, mas a esse
Povo podiam pertencer todos os homens e mulheres que em qualquer parte
aceitassem o Evangelho e confessassem Jesus Cristo como Senhor. Pela morte de
Cristo as barreiras de culto, classe, e raças terminaram. Há na comunidade
cristã lugar para todos os que têm fé. Paulo declarou: "Não pode haver
judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos
vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28).
A Igreja é um
lugar de Ação Social. Lamentavelmente, a igreja, às vezes, fica apenas com as
palavras e se esquece de sua missão integral. Pregava o Reino de Deus e
manifestava a presença do mesmo entre os homens através do cuidado mútuo. Para
àqueles cristãos era inadmissível um dos seus padecer necessidades. A igreja
primitiva entendeu bem esta realidade e lutava pela estabilidade de todos os
membros da comunidade. Que maravilhosa lição. O Senhor Jesus Cristo ordenou aos
discípulos que se entregassem como instrumentos de Deus para aliviar o
sofrimento do próximo (Rm 15:25-27, 1Co 16:1-4).
A Igreja
primitiva era uma igreja em movimento e isto era absolutamente novo para os
judeus. Novo, porque o judaísmo propunha uma forma centralizada de adoração e
serviço a Deus no Templo de Salomão, em Jerusalém, na Lei, no sábado
e no sacerdócio levítico. Estas expressões eram colunas fundamentais da fé
judaica. A igreja primitiva, de alguma maneira, entendeu que sua atuação no
mundo deveria ser diferente e livre destes fundamentos mundanos. Aprendamos
como a igreja discerniu sua atuação e suas implicações para a época e também
para hoje. A Igreja primitiva acontecia todos os dias. Adorava todos os dias.
Pregava todos os dias. Temia a Deus todos os dias. Consequentemente, crescia
todos os dias (At 2:47). Era uma igreja em movimento.
Desta forma, a
igreja primitiva podia oferecer um culto vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12:1),
pois a perspectivas corretas da relação com o Senhor eram cultivadas pelos
irmãos. Deus recebia o louvor, pois vinha de homens justificados pela fé,
tementes e felizes no que faziam ao Senhor dos Senhores. Alegria e temor.
Intimidade e respeito. Contentamento e reverência. Uma maravilhosa combinação
para resgatarmos.
Lendo o livro
de Atos dos Apóstolos, vemos uma união e uma entrega tremenda. Desde o primeiro
paradigma do século VII a. C da Filosofia descrito por Heidegger, até o
terceiro 1500 d. C até hoje, o homem se separou da Verdade posta por Deus, e
isso fez com que ficássemos independentes de tudo, egocêntricos, lutando para
ver quem tem poder que o outro.
Tanto o mundo
quanto a Igreja hoje se encontram em caos por ter o homem se colocado como
centro da verdade. Vemos que não é bem assim, isso que acarretou essa desunião.
Depende de nós agora partirmos para um quarto paradigma chamado de
Intersubjetividade, onde é valorizado o trabalho e união coletiva, e não o
individualismo. Sujeito em parceria com a Paz, mas não esquecendo, sujeito em
busca dos valores da Verdade Absoluta deixada para trás graças ao nosso
egocentrismo. Nossa meta é deixar Cristo e Sua Verdade ser o centro de nossa
vida, e o centro de Sua Igreja, mas vemos muito pessoas, falsos lideres e
falsos pastores substituindo este lugar, colocando como centro a capacidade
falha, pecadora e limitada do ser humano. Nunca deixaremos de perseverar para
reconquistar o que nossos antepassados começaram, sendo que eu e você, acabamos
com essa bela e maravilhosa comunhão.
Certo dia um
jovem disse: "Aquela é a igreja dos meus sonhos", e o seu velho
pastor lhe respondeu: "Meus parabéns, meu jovem, você vai para a igreja
dos teus sonhos, mas faça daquela igreja a igreja dos sonhos de Jesus".
1 - Jesus sonhou com uma igreja que
encarnasse o seu amor (Jo 15:12-17)
2 - Jesus sonhou com uma igreja
que encarnasse sua Palavra e por ela vivesse (I Ts 1:7-8)
3 - Jesus sonhou com uma igreja
que, santificada, prestasse culto somente a Deus (Rm 12:1)
4 - Jesus sonhou com uma igreja
que fosse uma comunidade redentora (At 2:37-38, 47)
5 - Jesus sonhou com uma igreja
que se multiplicasse, a partir de Jerusalém (At 1:8)
Jesus sonhou
com uma igreja que ama, obedece, adora, evangelizar e que chega até aos confins
da terra. Sejamos a igreja sonhada por Jesus. Este é o sonho deste jovem pastor.
Que Deus abençoe nossas Igrejas e abra nossos olhos para este princípio
esquecido por muitos.
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